domingo, 14 de outubro de 2012

Aos descrentes

Aos descrentes 
Olavo Bilac
 
Vós, que seguis a turba desvairada,
As hostes dos descrentes e dos loucos,
Que de olhos cegos e de ouvidos moucos
Estão longe da senda iluminada,
 
Retrocedei dos vossos mundos ocos,
Começai outra vida em nova estrada,
Sem a ideia falaz do grande Nada,
Que entorpece, envenena e mata aos poucos.
 
Ó ateus como eu fui — na sombra imensa
Erguei de novo o eterno altar da crença,
Da fé viva, sem cárcere mesquinho!
 
Banhai-vos na divina claridade
Que promana das luzes da Verdade,
Sol eterno na glória do caminho!


Olavo Bilac, natural do Rio de Janeiro, nasceu em 16 de dezembro de 1865 e aí faleceu em 1918. Con­siderado, ao seu tempo, o Príncipe dos Poetas Brasileiros foi sócio fundador da Academia Brasileira de Letras. O soneto acima, psicografado pelo médium Chico Xavier, integra o livro Parnaso de Além-Túmulo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Padre Henri Dominique Lacordaire





Em junho de 1853, quando as mesas girantes e falantes agitavam os salões da Europa, depois de terem assombrado a América, em missiva a Mme. Swetchine, datada de Flavigny, ele escreveu: "Vistes girar e ouvistes falar das mesas? _ Desdenhei vê-las girar, como uma coisa muito simples, mas ouvi e fiz falar.

Elas me disseram coisas muito admiráveis sobre o passado e o presente. Por mais extraordinário que isto seja, é para um cristão que acredita nos Espíritos um fenômeno muito vulgar e muito pobre. Em todos os tempos houve modos mais ou menos bizarros para se comunicar com os Espíritos; apenas outrora se fazia mistério desses processos, como se fazia mistério da química; a justiça por meio de execuções terríveis, enterrava essas estranhas práticas na sombra.

Hoje, graças à liberdade dos cultos e à publicidade universal, o que era um segredo tornou-se uma fórmula popular. Talvez, também, por essa divulgação Deus queira proporcionar o desenvolvimento das forças espirituais ao desenvolvimento das forças materiais, para que o homem não esqueça, em presença das maravilhas da mecânica, que há dois mundos incluídos um no outro: o mundo dos corpos e o mundo dos espíritos."

O missivista era Jean-Baptiste-Henri Lacordaire, nascido em 12 de maio de 1802, numa cidade francesa perto de Dijon.

A despeito de seus pais serem religiosos fervorosos, o jovem Lacordaire permaneceu ateu até que uma profunda experiência religiosa o levou a abraçar a carreira de advogado, na Teologia.

Completando os estudos no Seminário, na qualidade de professor pôde constatar o relativo descaso dos seus estudantes pela religião. No intuito de despertar a afeição pública para a Igreja, como colaborador do jornal L'Avenir, passou a lutar pela liberdade daquela da assistência e proteção do Estado.

Vigário da famosa Catedral de Notre-Dame, em Paris, a força da sua oratória atraía milhares de leigos para o culto.

Em 1839 entrou para a Ordem Dominicana na França, trabalhando pela sua restauração, desde que a Revolução Francesa a tinha largamente subvertido.

Discípulo de Lamennais, preocupou-se em afirmar que a união da liberdade e do Cristianismo seria a única possibilidade de salvação do futuro. Cristianismo, por poder dar à liberdade a sua real dimensão e a liberdade, por poder dar ao Cristianismo os meios de influência necessários para isto. Insistia que o Estado devia cercear seu controle sobre a educação, a imprensa, e trabalho de maneira a permitir ao Cristianismo florescer efetivamente dentro dessas áreas .

Foi Membro da Academia Francesa e o Codificador inseriu artigo a seu respeito na Revista Espírita de fevereiro de 1867, seis anos após a sua desencarnação, que se deu em 21 de novembro de 1861. Nele, reproduz extrato da correspondência que inicia o presente artigo, comentando: "Sua opinião sobre a existência e a manifestação dos Espíritos é categórica. Ora, como ele é tido, geralmente, por todo o mundo, como uma das altas inteligências do século, parece difícil colocá-lo entre os loucos, depois de o haver aplaudido como homem de grande senso e progresso. Pode, pois, ter-se senso comum e crer nos Espíritos."

Em sessão realizada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em 18 de janeiro daquele ano, o médium "escrevente habitual" Morin, descreveu a presença do espírito do padre Lacordaire, como "um Espírito de grande reputação terrena, elevado na escala intelectual dos mundos (...) Espírita antes do Espiritismo (...)" e concluiu:

"Ele pede uma coisa, não por orgulho, por um interesse pessoal qualquer, mas no interesse de todos e para o bem da doutrina: a inserção na Revista do que escreveu há treze anos. Diz que se pede tal inserção é por dois motivos: o primeiro porque mostrareis ao mundo, como dizeis, que se pode não ser tolo e crer nos Espíritos. O segundo é que a publicação dessa primeira citação fará descobrir em seus escritos outras passagens que serão assinaladas, como concordes com os princípios do Espiritismo."

Mas ele mesmo, Lacordaire, retornou de Além-Túmulo, para emprestar à obra da Codificação a sua inestimável e talentosa contribuição.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos 3 mensagens, ditadas no Havre e Constantina, todas datadas do ano de 1863, discorrendo sobre "O bem e mal sofrer" - cap. V, item 18; "O orgulho e a humildade" - cap. VII, item 11 e "Desprendimento dos bens terrenos" - cap. XVI, item 14.

Jornal Mundo Espírita - Junho de 2001
Retrato pintado por Theodore Chasseriau

sábado, 22 de setembro de 2012

Força, coragem e paz interior



"Desenvolver força, coragem e paz interior demanda tempo. Não espere resultados rápidos e imediatos, sob o pretexto de que decidiu mudar. Cada ação que você executa permite que essa decisão se torne efetiva dentro de seu coração."
Dalai Lama

sábado, 15 de setembro de 2012

PARASITOSE MENTAL


Na reunião da noite de 28 de outubro de 1954, fomos novamente felicitados com a palavra do nosso Instrutor Espiritual Doutor Francisco de Menezes Dias da Cruz, que nos enriqueceu os estudos, palestrando em torno do tema que ele próprio definiu por “parasitose mental”.
Observações claras e precisas, estabelecendo um paralelo entre o parasitismo no campo físico e o vampirismo no campo espiritual, o Doutor Dias da Cruz, na condição de médico que é, no-las fornece, aconselhando-nos os elementos curativos do Divino Médico, através do Evangelho, a fim de que estejamos em guarda contra a exploração da sombra.

Avançando em nossos ligeiros apontamentos acerca da obsessão, cremos seja de nosso interesse apreciar o vampirismo, ainda mesmo superficialmente, para figurá-lo como sendo inquietante fenômeno de parasitose mental.
Sabemos que a parasitogenia abarca em si todas as ocorrências fisiopatológicas, dentro das quais os organismos vivos, quando negligenciados ou desnutridos, se habilitam à hospedagem e à reprodução dos helmintos e dos ácaros que escravizam homens e animais.
Não ignoramos também que o parasitismo pode ser externo ou interno.
Nas manifestações do primeiro, temos o assalto de elementos carnívoros, como por exemplo as variadas espécies do aracnídeo acarino sobre o campo epidérmico e, nas expressões do segundo, encontramos a infestação de elementos saprófagos, como, por exemplo, as diversas classes de platielmíntios, em que se destacam os cestóides no equipamento intestinal.
E, para evitar as múltiplas formas de degradação orgânica, que o parasitismo impõe às suas vítimas, mobiliza o homem largamente os vermífugos, as pastas sul-furadas, as loções mercuriais, o pó de estafiságria e recursos outros, suscetíveis de atenuar-lhe os efeitos e extinguir-lhe as causas.
No vampirismo, devemos considerar igualmente os fatores externos e internos, compreendendo, porém, que, na esfera da alma, os primeiros dependem dos segundos, porquanto não há influenciação exterior deprimente para a criatura, quando a própria criatura não se deprime.
É que pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinqüência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte.
Imprescindível, assim, viver em guarda contra as idéias fixas, opressivas ou aviltantes, que estabelecem, ao redor de nós, maiores ou menores perturbações, sentenciando-nos à vala comum da frustração.
Toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária, ociosa ou inerte, que se rende, desajustada, às sugestões inferiores que a exploram sem defensiva.
Usemos, desse modo, na garantia de nossa higiene mento-psíquica, os antissépticos do Evangelho.
Bondade para com todos, trabalho incansável no bem, otimismo operante, dever irrepreensivelmente cumprido, sinceridade, boa-vontade, esquecimento integral das ofensas recebidas e fraternidade simples e pura, constituem sustentáculo de nossa saúde espiritual.
— «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» recomendou o Divino Mestre.
— «Caminhai como filhos da luz» — ensinou o apóstolo da gentilidade.
Procurando, pois, o Senhor e aqueles que o seguem valorosamente, pela reta conduta de cristãos leais ao Cristo, vacinemos nossas almas contra as flagelações externas ou internas da parasitose mental. (Instruções Psicofônicas, FCXavier - 28 de outubro de 1954 - pelo Doutor Francisco de Menezes Dias da Cruz, médico e trabalhador espírita, desencarnado em 1937, Presidente da Federação Espírita Brasileira no período de 1889 a 1895).

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Necessidade da Encarnação - E.S.E. - Cap IV - Item 25


25 – A encarnação é uma punição, e somente os Espíritos culpados é que lhe estão sujeitos?
                A passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam realizar, com a ajuda do elemento material, os propósitos cuja execução Deus lhes confiou. É ainda necessária por eles mesmos, pois a atividade que então se vêem obrigados a desempenhar ajuda-os a desenvolver a inteligência. Deus, sendo soberanamente justo, deve aquinhoar eqüitativamente a todos os seus filhos. É por isso que Ele concede a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de ação. Todo privilégio seria uma preferência, e toda preferência uma injustiça. Mas a encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, no princípio da existência, como primeira prova do uso que farão do seu livre arbítrio. Os que executam essa tarefa com zelo, sobem rapidamente, e de maneira menos penosa, os primeiros degraus da iniciação, e gozam mais cedo o resultado do seu trabalho. Os que, ao contrário, fazem mau uso da liberdade que Deus lhes concede, retardam o seu progresso. E é assim que por sua obstinação, podem prolongar indefinidamente a necessidade de se reencarnarem. E é então que a encarnação se torna um castigo.     - S. Luis (Paris, 1859)
               
    26 – Observação – Uma comparação vulgar nos fará melhor compreender esta diferença. O estudante não atinge os graus superiores, sem ter percorrido a série de classes que o levam até lá. Essas classes, por mais trabalho que exijam, são o meio de atingir o fim, e não uma punição. O estudante laborioso abrevia a caminhada, encontrando menos dificuldades. Acontece o contrário com aquele que a negligência e a preguiça obrigam a repetir certas classes. Não é, porém, o estudo que constitui uma punição, mas a obrigação de recomeçá-lo em cada classe.
                É o que se passa com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está quase no começo da vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver a inteligência. Mas, para o homem esclarecido, em que o senso moral está largamente desenvolvido, e que se vê obrigado a repetir as etapas de uma vida corporal cheia de angústias, enquanto já podia ter atingido o fim, é um castigo, pela necessidade em que se acha de prolongar a sua permanência nos mundos inferiores e infelizes. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente para o seu progresso moral, pode não somente abreviar a duração de sua encarnação material, mas franquear de uma vez os graus intermediários, que o distanciam dos mundos superiores.
                Os Espíritos não poderiam encarnar-se uma só vez num mesmo globo, e passar suas diferentes existências em diferentes esferas? Esta opinião seria admissível, se todos os homens estivessem na Terra, exatamente no mesmo nível intelectual e moral. As diferenças existentes entre eles, desde o selvagem até o homem civilizado, revelam os graus que têm de percorrer. A encanação, aliás, deve ter uma finalidade útil. Ora, qual seria a finalidade das encarnações efêmeras, das crianças que morrem em tenra idade?
                Teriam sofrido sem qualquer proveito, nem para elas nem para os outros? Deus, cujas leis são todas soberanamente sábias, nada faz de inútil. Pelas reencarnações no mesmo globo, quis que os mesmos Espíritos se pusessem de novo em contato, tendo assim ocasião de reparar as suas faltas recíprocas. E tendo e conta as suas relações anteriores, quis, ainda, fundar uma base espiritual os laços de família, apoiando numa lei natural os princípios de solidariedade, fraternidade e igualdade.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Servidor de Jesus


Quando jovens, normalmente somos idealistas e com facilidade nos vinculamos a determinadas causas.

Não foi diferente com aquele rapaz que conheceu a Doutrina Espírita, passando a estudá-la com ardor. Mergulhando nas páginas do Evangelho, apaixonou-se por Jesus.

Na sua ardência juvenil, desejou servir ao Cristo com todas as forças do seu coração. Mais do que isso, ele queria morrer pela causa do cristianismo.

Ser cristão como os primitivos cristãos. Desejava ser perseguido como foram os apóstolos e os discípulos de Jesus. Quem sabe poderia ir para um país onde houvesse perseguição religiosa e pena de morte.

Poderia ser preso, torturado e, por fim, morto.

Era o que ele desejava: morrer por amor a Jesus, pela causa da verdade.

Recordava o heroísmo do Apóstolo Pedro sendo crucificado de cabeça para baixo. De Paulo de Tarso sendo açoitado, apedrejado e decapitado, por amor ao Mestre.

Lembrava, enfim, dos testemunhos de todos aqueles cristãos que se deixaram matar, não se permitindo abandonar o ideal.

Certo dia, durante suas orações, ouviu um mensageiro dos céus que lhe falava:

Filho, você deseja mesmo morrer por Jesus?
Sim, é claro. Falou ele.

Pois então eu vou levar a Jesus o seu pedido e depois lhe trarei a resposta.

Nos dias seguintes, o jovem não cabia em si de tanta ansiedade. Quando viria a resposta?

Foi durante a oração de uma das noites, que a voz se fez ouvir outra vez:

Filho, levei o seu pedido a Jesus e venho lhe dizer que Ele aceitou.
Quer dizer, foi dizendo afoito o jovem, que eu vou morrer por amor a Jesus?

Sim, filho, mas não de repente. Você irá morrer devagarinho, um pouco a cada dia. Jesus pede que você atenda seu próximo, sirva aos seus irmãos, se torne um apóstolo do amor na Terra.

E, por amor a Ele, por amor à verdade que Ele veio ensinar, morra um pouquinho todas as vezes que a calúnia alcançar o seu caminho, que as pedras da incompreensão o atingirem.

Então, o jovem passou a dedicar sua vida a servir ao próximo, esquecendo-se de si mesmo, dos seus próprios anseios.

Aos setenta anos de idade, ele pedia a Jesus que lhe permitisse viver no corpo um pouco mais, pois reconhecia o muito por fazer pelos filhos do Calvário, que andam sobre a Terra.
O verdadeiro seguidor de Jesus faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma. Retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre os seus interesses à justiça.

Quem segue a Jesus encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer os outros felizes, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que dá aos aflitos.

Seu primeiro impulso é pensar nos outros, antes de si. É cuidar dos interesses alheios antes de atender aos seus próprios.[/font][/size]



 
Redação do Momento Espírita, com base em fato da vida de
Divaldo Pereira Franco e no item 3 do cap. XVII, do livro O evangelho
segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 6.7.2012.


Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/meditacao-diaria/servidor-de-jesus/?PHPSESSID=14f8390403531a8717b6e0b1fb5da790#ixzz20QnkTXsx

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O milagre dos peixes e dos pães realmente existiu?


Por Amilcar Del Chiaro Filho



Ao conversar com alguns amigos espíritas, entristecemo-nos pelo modo com que observam os Evangelhos, aceitando-os de capa a capa, ou como está escrito, sacralizando os conceitos ali emitidos, como se os evangelistas não tivessem sido anotadores dos acontecimentos, e terem escrito muitos anos depois da desencarnação do Mestre Galileu. Para nós, essas pessoas estão abdicando do direito de questionar, argüir, e procurar explicações mais aceitáveis para alguns acontecimentos.

Vamos exemplificar com uma passagem que nos veio à mente; a da multiplicação dos pães e peixinhos. Teria essa passagem ocorrido, realmente? Se ocorreu não teria sido aumentada ao passar pela tradição oral de boca a ouvido durante três décadas, até ser escrito o primeiro Evangelho?

Hoje, com o conhecimento espírita, sabemos que pode ter acontecido realmente, mas nunca através de milagre, pois as leis divinas não são derrogadas.
Vamos examinar sob a nossa ótica, o que poderia ter ocorrido: Sabemos que nas sessões de efeitos físicos, os Espíritos podem construir alguns objetos usando os fluidos apropriados dos médiuns. Sabemos de casos em que os eles fabricaram e/ou transportaram bombons e outras guloseimas.

Kardec explica no Livro dos Médiuns e na Revista Espírita que a matéria está disseminada no espaço e os espíritos podem aglutiná-la, com a força do pensamento, para um determinado efeito. Ele chamou isto de, laboratório do mundo invisível.
Ora, Jesus de Nazaré tinha uma extraordinária força psíquica, e o mundo espiritual estava à sua disposição para ajudá-lo. Portanto era perfeitamente possível a materialização de pães e peixes suficiente para alimentar aquelas pessoas.

A segunda hipótese seria a do fenômeno de transporte. Os Espíritos teriam transportado o pão assado e o peixe frito de lugares onde eles existiam. Certamente, as casas de moradia e algum comércio. Esta tese esbarra em duas dificuldades: 1ª) A desonestidade, pois algumas pessoas sofreriam prejuízos. 2ª) Não se fabricava tantos pães, pois cada família fazia o suficiente para o seu consumo. Não havia casas comerciais, como as que conhecemos hoje, que comercializam o pão.

A nossa lógica tem outra explicação: a fraternidade, a solidariedade. Como aquele rapazinho, muitas outras pessoas deveriam ter levado algum lanche. Ao vê-lo entregar os seus pães e peixinhos, muitos outros fizeram o mesmo, e todos se fartaram.

Então não houve um milagre? Houve sim! O milagre da fraternidade a ponto de alguns dividirem o que era apenas seu.

Um último lembrete: para reunir cinco mil homens, fora as mulheres e crianças, seria necessário esvaziar centenas de aldeias e pequenas cidades da judéia, pois cada aldeia deveria ter 150 moradores ou um pouco mais.

Os evangelistas mentiram? Não! Mas talvez tenham se entusiasmado. Porém deixaram uma lição: a solidariedade. A fraternidade faz milagres!

Nota: Nosso querido Amilcar Del Chiaro Filho desencarnou em 2006.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Responsabilidade de Maomet


Antes da fundação do Papado, em 607, as forças espirituais se viram compelidas a um grande esforço no combate contra as sombras que ameaçavam todas as consciências.  Muitos emissários do Alto tomam corpo entre as falanges católicas no intuito de regenerar os costumes da Igreja.  Embalde, porém, tentam operar o retorno de Roma aos braços do Cristo, conseguindo apenas desenvolver o máximo de seus esforços no penoso trabalho de arquivar experiências para as gerações vindouras.

Numerosos Espíritos reencarnam com as mais altas delegações do plano invisível.  


Entre esses missionários, veio aquele que se chamou Maomet, ao nascer em Meca no ano 570.  Filho da tribo dos Coraixitas, sua missão era reunir todas as tribos árabes sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos abusos romanos, nos ambientes da Europa.  

Maomet, contudo, pobre e humilde no começo de sua vida, que deveria ser de sacrifício e exemplificação, torna-se rico após o casamento com Khadidja e não resiste ao assédio dos Espíritos da Sombra, traindo lies obrigações espirituais com as suas fraquezas.  

Dotado de grandes faculdades mediúnicas inerentes ao desempenho dos seus compromissos, muitas vezes foi aconselhado por seus mentores do Alto, nos grandes lances da sua existência, mas não conseguiu triunfar das inferioridades humanas.  É por essa razão que o missionário do Islã deixa entrever, nos seus ensinos, flagrantes contradições.  

A par do perfume cristão que se evola de muitas das suas lições, há um espírito belicoso, de violência e de imposição; junto da doutrina fatalista encerrada no Alcorão, existe a doutrina da responsabilidade individual, divisando-se através de tudo isso uma imaginação superexcitada pelas forças do bem e do mal, num cérebro transviado do seu verdadeiro caminho.  

Por essa razão o Islamismo, que poderia representar um grande movimento de restauração do ensino de Jesus, corrigindo os desvios do Papado nascente, assinalou mais uma vitória das Trevas contra a Luz e cujas raízes era necessário extirpar.


AS GUERRAS DO ISLÃ

Maomet, nas recordações do dever que o trazia à Terra, lembrando os trabalhos que lhe competiam na Ásia, a fim de regenerar a Igreja para Jesus, vulgarizou a palavra "infiel", entre as várias famílias do seu povo, designando assim os árabes que lhe, eram insubmissos, quando a expressão se aplicava, perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo.

Com o seu regresso ao plano espiritual, toda a Arábia estava submetida à sua doutrina, pela força da espada; e todavia os seus continuadores não se deram por satisfeitos com semelhantes conquistas.

Iniciaram no exterior as guerras santas", subjugando toda a África setentrional, no fim do século VII.  Nos primeiros anos do século imediato, atravessaram o estreito de Gibraltar, estabelecendo-se na Espanha, em vista da escassa resistência dos visigodos atormentados pela separação, e somente não seguiram caminho além dos Pirineus porque o plano espiritual assinalara um limite às suas operações, encaminhando Carlos Martel para as vitórias de 732.


A Caminho da Luz
Chico Xavier/Emannuel

Não te detenhas


A maledicência causou-te danos porque lhe permitiste consideração.
A perturbação alcançou os teus ideais, porque fizeste uma pausa para conceder-lhe cidadania.
O ódio te macerou, porque o agasalhaste no amor-próprio ferido.
A disputa desgostou-te o trabalho, porque te permitiste engalfinhar na peleja imprópria.
A dúvida se estabeleceu em teus painéis mentais, porque paraste na ação, perdendo tempo de alto valor.
Os acusadores estão sempre em faixa inferior de vibração.
Concedeste-lhes atenção demasiada, esperando que a opinião geral fosse a teu favor e descuraste de auscultar a opinião de Deus.
Se trabalhas no bem e te acusam; se és generoso e te denominam estroina; se és humilde e te chamam parvo; se és disciplinado e te apontam como rigoroso; se és cumpridor dos deveres e te execram por isso; se insistes na prece e na ação evangélica, e te menosprezam, esta é a opinião dos ociosos e dos fiscais da vida alheia, no entanto, não é o conceito que de ti faz o Pai de Misericórdia.
Não te detenhas.
Não te deixes afligir pelas opiniões desencontradas que te chegam, gerando sombra ou tumulto.
Acata as sugestões que conclamam à ordem, que inspiram a paz e fomentam o progresso, sem extravagância nem acusação.
Sempre houve e haverá aqueles que produzem e aqueloutros que apenas opinam, acusam e perseguem.
Todos passam, mas a obra dos realizadores permanece, desafiadora, tempos a fora, felicitando as vidas em nome do Bem.
Joanna de Ângelis – psicografia de Divaldo Pereira Franco

Livro "Viver e Amar"

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Em 30 de maio de 1414 Jerônimo de Praga era queimado na fogueira


Jerônimo de Praga foi um reformador religioso tcheco. Seguidor de John Huss e de John Wycliff, apoiou-os em seu movimento de reformas. Jerônimo, embora consciente do risco que corria, apresentou-se ao Concílio de Constança no ano de 1414 para defender seus princípios cristãos. Logo após haver confirmado suas idéias "heréticas", foi encarcerado numa masmorra e alimentado a pão e água. Doente, debilitado e abandonado por amigos, cedeu à pressão dos inquisidores e declarou que retomaria a fé católica. Ainda assim, retornou à prisão e lá permaneceu por trezentos e quarenta dias, até ser queimado vivo na fogueira em 30 de maio de 1416. 

Wikicommons 
 

Jerônimo nasceu em Praga, em 1379, filho de família de posses. Depois de se formar na Universidade de Praga, em 1398, iniciou viagens pela Europa. Em 1402, visitou a Inglaterra onde estudou na Universidade de Oxford as obras Dialogus e Trialogus de John Wycliff. Ingressou na Universidade de Paris em 1405, obtendo grau de mestre. O mesmo ocorreu na Universidade de Colônia e, um pouco depois, em Heidelberg. 

Em 1407, de volta a Praga, suas posições nacionalistas começavam a provocar perseguições por parte da Igreja. Em janeiro de 1410, fez pronunciamentos em favor da filosofia de Wycliff. Em março de 1410, foi editada uma bula papal pelo anti-papa João XXIII contra os escritos de Wycliff o que causou a prisão de Jerônimo em Viena e sua excomunhão da Igreja pelo Bispo de Cracóvia. 

Conseguindo escapar, voltou a Praga, passando a defender publicamente as teses de reforma da Igreja pregadas por Jan Huss, que reforçavam muitas das teses de Wycliff. Em 1413, Jerônimo visitou as cortes da Polônia e da Lituânia, causando profunda impressão por seu diferenciado saber e eloquência. 

Quando Jan Huss viaja para o Concílio de Constança, em outubro de 1414, Jerônimo lhe assegura que o seguiria para ajudá-lo. Promessa que logo lhe faria chegar a Constança, em 4 de abril de 1415. Ao contrário de Huss, que obtivera um salvo-conduto para se proteger, Jerônimo nada possuía. Em 20 de abril foi preso em Praga e levado a Constança em 23 de maio para ser processado pelo Concílio. 

Condenação 

Sua condenação, como a de Huss, já estava pré-determinada, tanto em consequência de seu apoio a muitas das idéias de Wycliff quanto por sua admiração por Huss. Não lhe foi dada oportunidade de se defender em julgamento justo. As condições de sua prisão eram tão severas que ficou seriamente doente. Foi induzido a retratar-se em duas reuniões públicas do Concílio (11 e 23 de setembro de 1415). 

As palavras colocadas em sua boca o fizeram renunciar aos ensinos de Wycliff e Huss. Com a saúde abalada e pressionado, escreveu ao rei da Boêmia e à Universidade de Praga em que declarou estar convencido de que era justa a condenação de Huss à morte na fogueira por heresia, o que havia ocorrido em 6 de julho daquele ano. Nada disso o indultou ou comutou sua pena. 

Em maio de 1416 Jerônimo de Praga foi novamente levado a julgamento. Diante do Concílio retratou-se veementemente de sua retratação. Condenado finalmente por heresia em 30 de maio, foi levado à fogueira no mesmo dia.


OPERAMUNDI




JERÔNIMO DE PRAGA - DO LIVRO DEPOIS DA MORTE,- LEON DENIS - FEB


 “Meu Deus, vós que sois grande, que sois tudo, deixai cair sobre mim, humilde, sobre mim, eu que não existo senão por vossa vontade, um raio de divina luz. Fazei que, penetrado do vosso amor, me seja fácil fazer o bem e que eu tenha aversão ao mal; que animado pelo desejo de vos agradar, meu espírito vença os obstáculos que se opõem à vitória da verdade sobre o erro, da fraternidade sobre o egoísmo; fazei que, em cada companheiro de provações eu veja um irmão, assim como vedes um filho em cada um dos seres que de vós emanam e para vós devem voltar. Dai-me o amor ao trabalho, que é dever de todos sobre a terra, e, com o auxílio do archote que colocaste ao meu alcance, esclarecei-me sobre as imperfeições que retardam meu adiantamento nesta vida e na vindoura”.*
(*) Prece inédita, ditada pelo Espírito Jerônimo de Praga, a um grupo de operários. Do livro Depois da Morte de Leon Denis. FEB.

terça-feira, 29 de maio de 2012

5º Congresso Espírita de Sergipe


A Federação Espírita do Estado de Sergipe realiza de 21 a 23 de setembro, no Teatro Atheneu de Aracaju (SE), o 5º Congresso Espírita do Estado. 

Adotando como tema “Justiça social, uma questão de amor ao próximo” contará com a presença de nomes como Alberto Almeida, Suely Caldas Schubert, Frederico Menezes, Sandra Maria Borba, Júlio César Freitas e Góes Idair Montelli Reis que realizarão diversas palestras. 

sábado, 14 de abril de 2012

Divaldo Franco receberá título de Cidadão Honorário de Minas Gerais



O humanista, médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco receberá, nesta segunda-feira (16/4/12), o título de Cidadão Honorário do Estado de Minas Gerais. A condecoração será concedida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Reunião Especial de Plenário, às 20 horas. O requerimento para a homenagem é do deputado Luiz Carlos Miranda (PDT).
Divaldo Pereira Franco nasceu em Feira de Santana (BA), em 5 de maio de 1927. Sua capacidade mediúnica se manifestou ainda na infância e, aos 20 anos, passou a proferir conferências no Brasil e no exterior. Somente em Minas Gerais, estima-se que ele já tenha feito 800 palestras.
Em 1952, Franco iniciou a obra social Mansão do Caminho, em Salvador (BA). Ao longo de sua vida, ele psicografou mais de 250 obras, vendendo mais de 8 milhões de livros, muitos deles traduzidos para até 17 idiomas. A convite da Organização das Nações Unidas (ONU), participou do Primeiro Encontro Mundial pela Paz, em 2000. No ano seguinte, foi condecorado com a Medalha Chico Xavier, em Uberaba (Triângulo Mineiro). Essa foi uma das mais de 600 homenagens recebidas pelo médium ao longo de sua vida. Outro destaque em seu currículo é a nomeação para o cargo de embaixador internacional da Paz pela Ambassade Universelle pour la Paix, sediada em Genebra (Suíça).
O deputado Luiz Carlos Miranda argumenta que o título de Cidadão Honorário deve ser concedido a pessoas que oferecem algo de excepcional ao Estado e à humanidade. "Conheço Divaldo há mais de 30 anos e o trabalho dele tem um viés social muito importante", argumenta. O parlamentar exemplifica que em Ipatinga, no Vale do Aço, há um trabalho de acolhimento de crianças desenvolvido por influência de Divaldo.

ALMG

O dia 14 de abril na doutrina espírita



Em 1949, é realizada a I Feira do Livro Espírita no Rio de Janeiro, patrocinada pelo conselho consultivo de Mocidades Espíritas do Brasil, graças ao trabalho de Arthur Lins de Vasconcelos Lopes (foto acima).

         Em 1999, é instituído o Dia do Consolador.



        Em 2001, é aberto o 4º Encontro Estadual de Coordenadores de Juventudes Espíritas, em Campo Largo, com Sandra Borba Pereira. Tema: Estudando a pedagogia espírita. Encerrado no dia 15 de abril de 2001.

         Em 2006, em Matinhos, é aberto o 9º Encontro Confraternativo de Juventudes Espíritas do Paraná, com Sandra Borba Pereira. Tema: Nosso amigo Jesus. Encerrado a 16 de abril de 2006.

A visão espírita da anencefalia - Joanna de Ângelis



Joanna de Ângelis



ANENCEFALIA

     Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.
     De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.
     O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.
     Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.
     Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.
     Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.
     Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.
     Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.
     Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.
     Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...
     Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.
     Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...
     Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.
                            
    É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.
    Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.
     Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.
     Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…
     Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.
     Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...
     Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.
     Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.
     Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.
     Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.
     ... E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.
     Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...
     A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.
     As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.
     Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?
     O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…                      

     Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.
     Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias?
     Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.
     Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.

                            Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 11 de abril de 2011, quando o Supremo Tribunal de Justiça, estudava a questão do aborto do anencéfalo, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)